domingo, 16 de agosto de 2015

De quem é a culpa?

Gênesis 3:11-13 “E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. ”

            O erro é inato do homem, ele foi inserido no caráter humano na queda, pelo pecado. Desde o início observamos que o homem perdeu sua capacidade de assumir seus erros; diriam muitos, quando na verdade o homem não perdeu sua capacidade, ele começa a apresentar as consequências do pecado em sua vida.    Alguém dirá, a primeira consequência é saber que está nu, outro que o homem morreria. Não podemos negar que atribuir culpa de seus erros a outrem, é uma das primeiras consequências, senão a primeira, as demais, vieram após o diálogo de Deus com o homem.
            “…estavas nu? ” A nudez do homem e da mulher não se dava apenas em sentido literal, pela completa ausência de roupas ou cobertura para o corpo, também era de alma, nada tinham a esconder um do outro, eram explícitos, o homem diante de sua mulher e vice-versa, e ambos diante de Deus. Aliás, diante de Deus continuamos nus, explícitos, nada podemos esconder aos seus olhos. Davi no salmo 139 nos deixa isso claro, “...se vou para o mais profundo abismo, lá estás...” não ficamos isentos da presença de Deus, estamos sob seus olhos constantemente, nada do que eu ou você façamos ficará oculto. Pois o Senhor conhece nosso coração e os meandros da nossa mente, até as palavras que ainda serão escritas ou faladas. Não se engane, você está exposto diante de Deus.
            Alguém então perguntará, se somos explícitos diante de Deus. Deus viu que a mulher assim como homem comeram do fruto? A resposta é sim, ele viu, sabia o que havia acontecido, mas queria saber da boca do homem o que este havia feito. Bem como da mulher. Acredito que Deus esperava algo do tipo “Senhor, eu errei, fiz o que era mau, a mulher me disse que o fruto era bom e eu comi, a decisão de comer foi minha”. E da mulher “A serpente me iludiu, e eu comi, por decisão própria”. Essa seria a atitude correta. No entanto o que tanto o homem quanto a mulher assumem é que comeram, mas a responsabilidade pelo ato de desobediência é atribuída a outrem. A mulher atribui a serpente, e o homem por sua vez, atribui culpa a mulher, e menosprezando-a tenta tornar Deus culpado, quando diz “…a mulher que me deste…”. Como assim? Agora ela não é mais “…carne da minha carne, e osso dos meus ossos…”, deixou de ser “…tomada do varão” (Gen. 2.23)?
            Esse é um dos grandes problemas da humanidade, não assumir seus erros, não assumir o que não nos agrada. Esse homem, é o primeiro que revela algo que é latente em todos nós, se é bom, está de acordo com nossos valores e princípios então é nosso, senão não. O homem, rejeitou a mulher como sua carne. Aquela que Deus tinha feito a partir de uma costela. Não é diferente do que muitas vezes fazemos, seja em caso de divórcio, ou mesmo no curso do casamento, quando nos apossamos da célebre frase “O/a teu/tua filho (a)! ” Especialmente quando este comete algum erro grave, não tem a aparência que gostaríamos ou o comportamento que achamos ser o ideal.
            Temos essa tendência de lançar a culpa sobre o outro. Não assumir os erros, e isso além de machucar nossos pais, cônjuges, filhos e líderes. Se algo não sai a contento e vai desagradar o outro, logo achamos um culpado, quer seja um objeto, o tempo, as diversas atividades, os filhos, sim, já vi muitas mães atribuírem a responsabilidade pelos seus atrasos e pelo seu descaso com a família, aos filhos. Recentemente vi um programa de TV em que mostrava uma casa em que a família mal tinha como andar dentro de casa, aquilo não era um lar, pois não havia como estar bem dentro daquela casa. Ao ser questionada, a resposta da esposa foi clara “como manter tudo em ordem com três filhos? ”. Em outro momento ela disse que todas aquelas coisas estavam amontoadas em sua casa para não desagradar familiares, e, pasmem, guardava por medo de não encontrar mais aqueles objetos para compra-los. Mas a pérola da culpa, foi atribuí-la à segurança futura.
             Tal qual um algoz, a culpa nos leva a fuga, seja de uma realidade, de um lugar, da família, ou qualquer outra situação; quando não nos aprisiona em um silêncio perturbador, em um casulo que limita todos os nossos relacionamentos. Lembro-me que há poucos anos falava a uma pessoa com quem tinha um relacionamento, sobre a dificuldade que ela tinha em se abrir se entregar para o relacionamento, devido a tantas barreiras de vidro que estavam colocadas entre nós. Na verdade, essas barreiras estavam ao redor dela. Ela agia e age como se vivesse em uma redoma se protegendo de tudo e de todos. A impedindo de ser quem realmente ela é. Essa é a realidade de muitos.
            O que mais me impressiona é a forma como tratamos a culpa, que muitas vezes a assumimos achando que somos os responsáveis pelo fracasso de um casamento, do divórcio dos pais, ou mesmo, e, nesse caso, da pior forma, pela violência sexual, a qual a pessoa é submetida. Não apenas os profissionais cristãos dizem que a culpa daquela situação não é do agredido, mas já vi profissionais, que professam outras crenças, ou as negam, dizerem isso. Porém, essa culpa, a qual deve ser transferida, ao agressor, só se transfere depois de muito tratamento, e na maioria das vezes quando a pessoa tem um encontro verdadeiro com Cristo. Tal qual a samaritana.
            A respeito de culpa, gosto de meditar em dois textos, o da mulher samaritana, em João 4, e da mulher adultera, a forma como Jesus aborda as duas situações, em primeiro lugar é peculiar, e exemplar. Com a samaritana ele inicia uma conversa serena, que mostra uma necessidade extremamente humana, sede, “…dá-me de beber! ” Apenas isso, nada mais, e um diálogo maravilhoso se inicia e que termina em salvação e libertação de uma culpa terrível que assolava aquela mulher. A adultera é um caso mais curioso ainda, pois os fariseus procuravam motivos para acusar Jesus, pois o adúltero não estava ali jogado no meio da turba furiosa, que já deveria estar com pedras nas mãos para apedrejar ambos, ela pelo adultério e Ele por ter blasfemado e violado a lei de Moisés, ao condenar apenas a mulher. No entanto Jesus, trata a questão com simplicidade, e dentro de cada um, na consciência, “…quem não tem pecado, que atire a primeira pedra! ” E o relato a seguir é de que todos se retiraram um a um, até que ali ficou apenas Jesus e a mulher(João 8). Creio que ela estava ali abaixada, de rosto em terra, talvez olhando para Jesus, com tamanho terror nos olhos, pelo medo de ser por ele condenada. Mas ninguém atirou pedras na mulher, e ela saiu dali com seu pecado perdoado e suas culpas tiradas. Não há dúvida de que essas duas mulheres foram confrontadas com suas culpas, as assumiram. A Bíblia não fala disso, mas creio que em seu íntimo elas o fizeram, e por terem consciência de quem estava diante delas, mostraram arrependimento, e por isso obtiveram perdão.
            Outro grande problema é a forma como essa culpa é tratada, por nós, como algo avassalador, destruidor, e para terceiros como motivo para nos oprimir. Jesus nos dá o exemplo de como lidar com a culpa dos outros. Ele que não tinha culpa alguma, que carregou nossas culpas e pecados para a cruz, libertando-nos de ambos. Do contrário nossa vida seria insuportável.
            Se você tem algum tipo de culpa, procure a raiz dela, pare de ficar se martirizando, isso não vai te levar a lugar algum. Assuma aquilo que fizeste de errado, peça perdão a quem quer que seja, perdoe quem lhe fez mal e livre-se disso, viva em paz. Mas você me dirá e aquela culpa que carrego por imposição de outros, pais, agressores, violadores? Entregue-as nas mãos de Jesus, abra seu coração diante dele. Siga o conselho de Jesus, “…entra no teu quarto, onde o Pai te vê, e em segredo, …” entregue-as todas, confesse, e aceite o abraço acolhedor e consolador do Espírito Santo.
            Caso deseje conversar a respeito, procure pessoas emocionalmente sadias, e que tenham sólido conhecimento da Palavra. Estamos aqui para carregar as cargas uns dos outros, em obediência ao que Paulo nos recomenda “…suportai-vos uns aos outros! ”. E nesse caso suportar é dar suporte, carregar, transportar, descer até o chão e ajudar a se levantar, ombro a ombro, em um fraterno abraço.
            Em Cristo.

Adinan Luiz Kempa

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Uma nova perspectiva.

Romanos 6.1-10: Que diremos pois? Permaneceremos no pecado para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados como ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo  isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus.

             Recentemente li alguns artigos e matérias publicadas em sites de notícias e mesmo no facebook a respeito das mais variadas situações, que vão desde a produção de filmes eróticos-pornôs para casais evangélicos, o caso de um pastor que lambe a genitália e o ânus das solteiras para que tenham marido, uma jovem senhora que teve um caso com o pastor, publicou as fotos numa rede social, fato que resultou no suicídio do marido; e, pasmem, a miss bumbum evangélica, lançando uma linha de produtos eróticos para casais evangélicos, em uma feira erótica. E mais recentemente de um cantor gospel, que anunciou em alto e bom som, em um show que não irá mais gravar para evangélicos, que está acima de todos os demais cantores gospel, que que Deus havia mandado ele parar de cantar a Cruz, o Espírito Santo e Jesus Cristo. O detalhe sórdido dessas notícias e comum é que todos os protagonistas são chamados "evangélicos".
            No entanto, o comportamento deles está longe de ser o ideal para pessoas que seguem os evangelhos. Quanto mais de discípulos de Jesus.
            Observo que as pessoas não leem mais a Bíblia, ou quando o fazem são aquelas que interessam e nada mais. Bíblias existem nas mais variadas versões e com os mais variados assuntos, prosperidade financeira, promessas disto e daquilo. Ter a Bíblia como um todo para entender a vontade e o propósito de Deus, e fazer dela sua regra de fé e prática, não é mais prioridade.
            Essa é uma consequência de uma mensagem cada vez mais imediatista, centrada no homem, naquilo que as pessoas querem ouvir. Em cultos vazios, cheios de espetáculo, de táticas psicológicas para prender as pessoas, de um "louvor" espetacular, mas sem teologia, em que um derramar de lágrimas quando se canta "Faz um milagre" (Régis Danese), ou Raridade (Anderson Freire), ou naquela musiquinha da Aline Barros, que para não dizer que não fala de Deus, coloca-se ao final um "Senhooor", isso nas igrejas, porque nas gravações comerciais nem isso tem. Nas orações de encerramento dos cultos temos um show de reconciliações, entrega da vida a Cristo, de pessoas que continuamente fazem isso. Sem esquecer dos testemunhos no momento de entrega dos dízimos e ofertas, de abundância e prosperidade, o cidadão ou cidadã, saiu da vida devassa, parou de se embriagar e gastar com noitadas, então começou a sobrar a prestação de um carro ou de uma casa. Aí vem o famoso, comecei a ofertar e a dizimar, e Deus me de o carro ou a casa (mas a conta sou eu quem pago). Algumas vezes fiquei atento para ver se o Pastor ou ministrante não iria repetir a célebre frase de Tetzel "Ouçam, ouçam, o doce som de uma alma saindo do purgatório!", que neste caso seria do inferno, ao ver os envelopes caindo no gazofilácio ou nas cestas de coleta.
             A igreja moderna não poderia ter essa triste aparência. Mas tem, por não estar discipulando seus membros, mostrar que a vida com Cristo é santidade, e basicamente temos que fugir da aparência do mal. Tudo isso é lamentável. Vivemos dias em que a sã doutrina está esquecida.
             Uma leitura apurada das cartas de Paulo, nos mostra qual a verdadeira religião e qual o sentido do evangelho. Mas será que é isso que as pessoas querem? Os pastores estão dispostos a anunciar essa verdade?
          Cada vez mais me pergunto que dias estamos vivendo? De Oséias? De Jeremias? De Elias? Habacuque? Ou de Malaquias?
Creio que seja uma mistura de todos eles, pois de cada período há características marcantes em nossos dias.
Só não devemos esquecer de que um dia Cristo virá sobre as nuvens para arrebatar sua igreja, para julgar suas ações. Que teremos a apresentar?
Pelo que tenho observado a igreja está cada vez mais centrada no primeiro versículo de Romanos 6, “Então, qual seria a conclusão? Devemos continuar pecando a fim de que a graça seja ainda mais ressaltada? ” (Versão King James). Ao que parece ninguém se importa em viver uma vida de santidade, de pureza de coração, de buscar a plenitude do caráter de Cristo, alcançar a estatura do varão perfeito. Se preocupam muito mais em viver uma boa vida aqui na terra, momentânea, sem se preocupar com a eternidade, afinal essa será longa e a graça superabundará.
Inconcebível tal atitude, diante das palavras de Paulo, na resposta a este versículo (v. 2) “de forma alguma! Nós que morremos para o pecado, como seria possível desejar viver sob o seu jugo?”. De forma alguma podemos viver dessa forma, já morremos para o pecado. Nosso escrito de dívida foi cancelado na Cruz (Col. 2.16) como podemos viver ainda assim? Pecando! Numa vida crédula de que Deus nos livrará no dia final.
Não irá, essa é a resposta, e pior condenação haverá para esses que assim vivem. Não há como viver de forma dissoluta e ainda assim pensar em salvação, esperar que iremos entrar na eternidade. Semear o ódio, o preconceito, a discriminação. Enquanto nos é mandado por Jesus amar o próximo, não como a nós mesmos, mas como Ele nos amou. Amar como a nós mesmos, devemos amar nossos inimigos.
Não há como viver num meio desses nós os que morremos para o pecado não podemos continuar vivendo desse jeito, devemos ressuscitar para a vida, em Cristo. O mundo precisa de uma igreja que faça a diferença, uma igreja que seja temida quando dobra seus joelhos para orar. Uma igreja que ama e não rejeita, que se preocupa com o que realmente é importante, o ser humano, aquele que foi criado a imagem e semelhança de Deus.
A mensagem que mudará o mundo é a mensagem do verdadeiro evangelho de Cristo, simples, mas transformadora. Que coloca o homem em conflito com seus pecados, que faz o Espírito Santo agir convencendo-o da justiça, do juízo e do amor de Deus.
Precisamos com urgência adotar uma nova postura, para que Cristo seja realmente conhecido no mundo, e realmente venha a ser a solução para esse mundo. Mas isso depende apenas e exclusivamente de cada um de nós que morremos para o pecado, e fomos batizados em Cristo Jesus. Assumindo a ressurreição para a vida e não mais para a morte.

Em Cristo.

Adinan Luiz Kempa