“Não farás para ti imagem
esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra,
nem nas águas debaixo da terra. Não te curvaras diante delas, nem as servirás;
porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais
nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam e uso de
misericórdia com milhares dos que me amam e guardam meus mandamentos. ” (Êxodo
20.4-6)
“A mente do
homem é como um depósito de idolatria e superstição; de modo que, se ele
confiar em sua própria mente, é certo que abandonará a Deus e inventará um
ídolo conforme sua razão. ”
João Calvino
Os mandamentos continuam, ainda,
tratando do relacionamento de Deus com o homem, sendo o segundo bastante
especifico quanto a adoração. E, suas consequências, quando feita de forma
errada.
Deus nos exige exclusividade na
adoração, no culto, pois é um Deus zeloso, que guia e protege os seus, porém
visita a iniquidade daqueles que o aborrecem até a terceira e quarta geração.
Mas abençoa até mil gerações dos que o temem. Deus havia se mostrado para seu
povo, feito maravilhas, guardava o povo constantemente, o protegia do frio do
deserto com uma coluna de fogo, e do calor abrasador com uma nuvem que pairava
sobre o povo constantemente, havia poucos meses que lhes havia mostrado seu
poder ao assolar o Egito com as pragas, e dizimado o exército de faraó no mar
vermelho.
Sem,
contudo, nos esquecer de que este mandamento é complemento do primeiro, onde
somos alertados sobre ter outros deuses diante de Deus, e agora, há uma
proibição maior ainda, não se curvar nem prestar culto às imagens e figuras.
Assim agiam os egípcios e os povos que ocupavam a terra prometida. Vemos aqui
Deus tratando o seu povo, renovando sua espiritualidade, seu culto.
João Calvino resume praticamente
todo ensino sobre o segundo mandamento na frase citada. Entretanto, o problema
não está em abandonar a Deus e criar ou inventar um ídolo conforme sua razão. O
maior problema é que muitas pessoas têm seus ídolos, e tem o descaramento de
deixar a igreja em que frequentam, sem negar a fé no Deus verdadeiro, e em
Cristo, e ainda afirma com todas as letras que têm a Bíblia por regra de fé e
prática. Permita-me ser incisivo e um tanto grosseiro, “Não têm, e não creem no Deus que pregam! ”. Pois se cressem, se
vivessem a Bíblia como regra de fé e pratica, não o fariam.
Não é fácil, nossa natureza vive
procurando algo a que se apegar, que lhe traga conforto e consolo. Não importando
ser uma imagem, uma pessoa, um objeto, um costume. Tudo é cultuado, venerado,
colocado diante de Deus. Até mesmo aquele ressentimento que tu guardas por teu
irmão de sangue, pelo teu pai e tua mãe, pelos teus parentes. São ídolos?! São,
e você os adora em espírito e verdade! Nunca te disseram isso? Pois bem, de
hoje em diante está sabendo, e se leres com atenção o que diz o segundo
mandamento, verás que isso trará juízo sobre tua vida.
Não estamos distantes daqueles dias,
como muitos pragmáticos e liberais pregam, estamos vivendo cada um dos dias em
que Deus escreveu a sua Lei nas tábuas de pedra, para que Moisés as levasse ao
povo. A diferença está apenas na forma em que esses ídolos são apresentados, ou
o culto que lhes prestamos. Há casos em que os ídolos são pastores, cantores
gospel, pregadores, familiares. Não, não temos mais ídolos do lar, mas ídolos
no lar.
Já reparou na quantidade de vezes em
que você mesmo já deixou de fazer algo por causa de um programa de TV? Porque
seus pais não aprovam isto ou aquilo? Por medo do que seus líderes irão dizer?
Acreditem, há aqueles que se dobram e prestam culto a uma denominação
evangélica ou não.
O homem é um ser sociável, não foi
criado para estar só, e muitas vezes para poder ser aceito em um determinado
grupo, ele passa a se vestir, falar, imitar trejeitos, e por aí afora. Há
aqueles que no afã de agradar a Deus com seu louvor e adoração, imitam o cantor
gospel, seus falsetes de voz, sua forma de cantar e até mesmo sua voz. Chegam a
decorar e repetir como um mantra as ministrações espontâneas que aconteceram
durante as gravações de um DVD.
Entretanto, você poderá me
perguntar, como assim, “Não farás para ti
imagem de escultura?”, se Deus mesmo determinou que fossem feitas imagens
de querubins, de romãs, e de outras tantas coisas, até mesmo uma serpente de
bronze para que fosse levantada e os que olhassem para ela seriam curados,
quando do episódio das serpentes abrasadoras. Sim, Deus foi determinante ao
proibir a confecção de imagens de escultura ou figura do que há sobre os céus,
sobre a terra, e nos mares, porém há um complemento, “…não te curvarás perante elas, nem lhes prestarás culto,”.
O uso de estatuas, esculturas,
figuras, com finalidade artística, de expressão cultural, didática, é permitida
pelo Senhor. Tanto que Moisés recebeu ordens de esculpir dois querubins para
serem colocados sobre a tampa da arca da aliança, e no templo de Salomão havia
no santo dos santos dois querubins, que guardavam a presença do Senhor, imagens
que não estavam ali para serem adoradas, e sim como um memorial, de que o
caminho até a árvore da vida está sendo guardado por dois querubins, e que a
presença e a gloria de Deus estão guardadas, neste caso, temos o sentido de
vigiadas por querubins. Isso é um símbolo, para que ninguém se esquecesse de
que havia uma separação entre Deus e o homem, uma barreira.
As
esculturas, gravuras, estatuas e pinturas que os egípcios e outros povos tinham
feito, não as tinham com outra finalidade senão a de lembrar ao povo a quem
deveria ser prestado culto, por isso que as imagens dos deuses egípcios, dos
faraós e seus feitos eram gravadas em todas as construções. Por onde passava o
povo tinha lugares e imagens para adorar seus deuses. Não podemos nos esquecer
de que o Egito era uma nação politeísta, tendo como deus principal Amon-ra
representado pelo disco solar, e o faraó um filho dos deuses, aquele que havia
sido gerado por eles para governar a nação.
Também observamos essa prática
politeísta ou panteísta em outros povos, nas cercanias da terra de Israel, ou
mesmo que a habitavam. Havia culto diante de postes ídolos, árvores eram tidas
como local de adoração. Assim, havia necessidade de que essa pratica fosse
abolida pelos hebreus, que deveriam ter um único Deus, e somente a Ele se
curvar e prestar culto, por uma razão que fica bem clara, “sou um Deus zeloso, que visito até a terceira e quarta gerações, dos
que me aborrecem e abençoo por mil anos os que me adoram.”.
Conforme o artigo anterior, o homem
tem a tendência a construir e adorar ídolos, para aliviar suas cargas de
sofrimento, estou certo de que boa parte dos Israelitas adoravam os deuses
egípcios, como forma de alivio da opressão, principalmente os que serviam nas
casas.
Não
é difícil a compreensão de que Deus estava ensinando ao seu povo um novo culto,
uma nova forma de adoração, que não era perante imagens e figuras, mas perante
o único e verdadeiro Deus, aquele que tem mão forte.
Sobre isso não podemos esquecer de
quem é Deus! Ele se apresenta a Moisés como “Eu Sou!” e isso basta. Faraó, reconheceu isso, depois da batalha do
mar vermelho, não está no livro de Êxodo, mas, para quem assistiu o filme os
Dez Mandamentos, salvo engano, de 1964, com Charlton Heston e Yul Brynner, o filme termina
com uma frase marcante, a qual nunca me esqueci, “Ninguém pode vencer o Deus de Moisés! Porque ele é Deus!”.
Espero
que este breve comentário te faça lembrar do porque não devemos prestar culto a
imagens, seja de escultura, seja figura, sejam pessoas que idealizamos, ou
mesmo filhos e cônjuges, pastores ou quem, ou o quê seja, porque o nosso Deus é
Deus, zeloso, fiel. Ele é nosso refúgio fortaleza, o socorro bem presente na
angustia. Ele se deu por você, para que não tenha que suportar as dores do
inferno, mas gozar da vida eterna ao Seu lado.
Barreira que foi transposta por
Jesus, aberta, não há mais necessidade de rituais para que possamos chegar à
presença do Senhor, nem usufruir de porções de sua gloria, pois Jesus, na cruz,
nos deu acesso irrestrito ao Pai.
Em Cristo!