quinta-feira, 30 de junho de 2016

Os Dez Mandamentos Parte 4 – Segundo Mandamento


“Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te curvaras diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam meus mandamentos. ” (Êxodo 20.4-6)

“A mente do homem é como um depósito de idolatria e superstição; de modo que, se ele confiar em sua própria mente, é certo que abandonará a Deus e inventará um ídolo conforme sua razão. ”
João Calvino

            Os mandamentos continuam, ainda, tratando do relacionamento de Deus com o homem, sendo o segundo bastante especifico quanto a adoração. E, suas consequências, quando feita de forma errada.
            Deus nos exige exclusividade na adoração, no culto, pois é um Deus zeloso, que guia e protege os seus, porém visita a iniquidade daqueles que o aborrecem até a terceira e quarta geração. Mas abençoa até mil gerações dos que o temem. Deus havia se mostrado para seu povo, feito maravilhas, guardava o povo constantemente, o protegia do frio do deserto com uma coluna de fogo, e do calor abrasador com uma nuvem que pairava sobre o povo constantemente, havia poucos meses que lhes havia mostrado seu poder ao assolar o Egito com as pragas, e dizimado o exército de faraó no mar vermelho.
Sem, contudo, nos esquecer de que este mandamento é complemento do primeiro, onde somos alertados sobre ter outros deuses diante de Deus, e agora, há uma proibição maior ainda, não se curvar nem prestar culto às imagens e figuras. Assim agiam os egípcios e os povos que ocupavam a terra prometida. Vemos aqui Deus tratando o seu povo, renovando sua espiritualidade, seu culto.
            João Calvino resume praticamente todo ensino sobre o segundo mandamento na frase citada. Entretanto, o problema não está em abandonar a Deus e criar ou inventar um ídolo conforme sua razão. O maior problema é que muitas pessoas têm seus ídolos, e tem o descaramento de deixar a igreja em que frequentam, sem negar a fé no Deus verdadeiro, e em Cristo, e ainda afirma com todas as letras que têm a Bíblia por regra de fé e prática. Permita-me ser incisivo e um tanto grosseiro, “Não têm, e não creem no Deus que pregam! ”. Pois se cressem, se vivessem a Bíblia como regra de fé e pratica, não o fariam.
            Não é fácil, nossa natureza vive procurando algo a que se apegar, que lhe traga conforto e consolo. Não importando ser uma imagem, uma pessoa, um objeto, um costume. Tudo é cultuado, venerado, colocado diante de Deus. Até mesmo aquele ressentimento que tu guardas por teu irmão de sangue, pelo teu pai e tua mãe, pelos teus parentes. São ídolos?! São, e você os adora em espírito e verdade! Nunca te disseram isso? Pois bem, de hoje em diante está sabendo, e se leres com atenção o que diz o segundo mandamento, verás que isso trará juízo sobre tua vida.
            Não estamos distantes daqueles dias, como muitos pragmáticos e liberais pregam, estamos vivendo cada um dos dias em que Deus escreveu a sua Lei nas tábuas de pedra, para que Moisés as levasse ao povo. A diferença está apenas na forma em que esses ídolos são apresentados, ou o culto que lhes prestamos. Há casos em que os ídolos são pastores, cantores gospel, pregadores, familiares. Não, não temos mais ídolos do lar, mas ídolos no lar.
            Já reparou na quantidade de vezes em que você mesmo já deixou de fazer algo por causa de um programa de TV? Porque seus pais não aprovam isto ou aquilo? Por medo do que seus líderes irão dizer? Acreditem, há aqueles que se dobram e prestam culto a uma denominação evangélica ou não.
            O homem é um ser sociável, não foi criado para estar só, e muitas vezes para poder ser aceito em um determinado grupo, ele passa a se vestir, falar, imitar trejeitos, e por aí afora. Há aqueles que no afã de agradar a Deus com seu louvor e adoração, imitam o cantor gospel, seus falsetes de voz, sua forma de cantar e até mesmo sua voz. Chegam a decorar e repetir como um mantra as ministrações espontâneas que aconteceram durante as gravações de um DVD.
            Entretanto, você poderá me perguntar, como assim, “Não farás para ti imagem de escultura?”, se Deus mesmo determinou que fossem feitas imagens de querubins, de romãs, e de outras tantas coisas, até mesmo uma serpente de bronze para que fosse levantada e os que olhassem para ela seriam curados, quando do episódio das serpentes abrasadoras. Sim, Deus foi determinante ao proibir a confecção de imagens de escultura ou figura do que há sobre os céus, sobre a terra, e nos mares, porém há um complemento, “…não te curvarás perante elas, nem lhes prestarás culto,”.
            O uso de estatuas, esculturas, figuras, com finalidade artística, de expressão cultural, didática, é permitida pelo Senhor. Tanto que Moisés recebeu ordens de esculpir dois querubins para serem colocados sobre a tampa da arca da aliança, e no templo de Salomão havia no santo dos santos dois querubins, que guardavam a presença do Senhor, imagens que não estavam ali para serem adoradas, e sim como um memorial, de que o caminho até a árvore da vida está sendo guardado por dois querubins, e que a presença e a gloria de Deus estão guardadas, neste caso, temos o sentido de vigiadas por querubins. Isso é um símbolo, para que ninguém se esquecesse de que havia uma separação entre Deus e o homem, uma barreira.
                        As esculturas, gravuras, estatuas e pinturas que os egípcios e outros povos tinham feito, não as tinham com outra finalidade senão a de lembrar ao povo a quem deveria ser prestado culto, por isso que as imagens dos deuses egípcios, dos faraós e seus feitos eram gravadas em todas as construções. Por onde passava o povo tinha lugares e imagens para adorar seus deuses. Não podemos nos esquecer de que o Egito era uma nação politeísta, tendo como deus principal Amon-ra representado pelo disco solar, e o faraó um filho dos deuses, aquele que havia sido gerado por eles para governar a nação.
            Também observamos essa prática politeísta ou panteísta em outros povos, nas cercanias da terra de Israel, ou mesmo que a habitavam. Havia culto diante de postes ídolos, árvores eram tidas como local de adoração. Assim, havia necessidade de que essa pratica fosse abolida pelos hebreus, que deveriam ter um único Deus, e somente a Ele se curvar e prestar culto, por uma razão que fica bem clara, “sou um Deus zeloso, que visito até a terceira e quarta gerações, dos que me aborrecem e abençoo por mil anos os que me adoram.”.
            Conforme o artigo anterior, o homem tem a tendência a construir e adorar ídolos, para aliviar suas cargas de sofrimento, estou certo de que boa parte dos Israelitas adoravam os deuses egípcios, como forma de alivio da opressão, principalmente os que serviam nas casas.
                        Não é difícil a compreensão de que Deus estava ensinando ao seu povo um novo culto, uma nova forma de adoração, que não era perante imagens e figuras, mas perante o único e verdadeiro Deus, aquele que tem mão forte.
            Sobre isso não podemos esquecer de quem é Deus! Ele se apresenta a Moisés como “Eu Sou!” e isso basta. Faraó, reconheceu isso, depois da batalha do mar vermelho, não está no livro de Êxodo, mas, para quem assistiu o filme os Dez Mandamentos, salvo engano, de 1964, com  Charlton Heston e Yul Brynner, o filme termina com uma frase marcante, a qual nunca me esqueci, “Ninguém pode vencer o Deus de Moisés! Porque ele é Deus!”.
Espero que este breve comentário te faça lembrar do porque não devemos prestar culto a imagens, seja de escultura, seja figura, sejam pessoas que idealizamos, ou mesmo filhos e cônjuges, pastores ou quem, ou o quê seja, porque o nosso Deus é Deus, zeloso, fiel. Ele é nosso refúgio fortaleza, o socorro bem presente na angustia. Ele se deu por você, para que não tenha que suportar as dores do inferno, mas gozar da vida eterna ao Seu lado.
            Barreira que foi transposta por Jesus, aberta, não há mais necessidade de rituais para que possamos chegar à presença do Senhor, nem usufruir de porções de sua gloria, pois Jesus, na cruz, nos deu acesso irrestrito ao Pai.


Em Cristo!

sábado, 25 de junho de 2016

Os Dez Mandamentos parte 3 - Primeiro Mandamento

“Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. ” (Êxodo 20.1-3)
“A Natureza humana é uma fábrica de ídolos”
João Calvino

            Moisés está diante de Deus, no monte Sinai, já está ali há algum tempo, cerca de 35 ou 40 dias, e já havia cerca de seis meses em que o povo tinha saído do Egito, e visto todas as maravilhas que Deus havia feito, desde as pragas, a forma como  os egípcios, de forma deliberada, deram a eles ouro, prata, bronze, metais e pedras preciosas, bem como tudo que pediam lhes era dado, e cerca de alguns dias depois da última praga, viram o exército de Faraó ser dizimado, naquele que podemos dizer que é o primeiro massacre que um exército sofre, até então a história não registra outro feito de tamanha grandeza.
            Há discordância quanto ao efetivo total de Faraó naqueles dias, mas historiadores falam em um exército de cerca de 1.300.000 homens, os Hebreus contavam com cerca de 621.000, homens que puxavam da espada, sem contar mulheres, crianças e idosos, na conta das crianças entravam todos que tinham menos de 20 anos.
            Mesmo assim o Senhor reafirma sua identidade a Moisés, antes de começar a discorrer sobre a Sua lei. É bastante interessante notarmos que Deus se manifesta ao povo, e poderia ter recitado a Lei para que todo o povo ouvisse, porém quando Deus fala ao povo no capítulo 19, o povo teme e pede que apenas Moisés fale com Deus, para que não morram. A partir daí o povo passa a ouvir apenas trovões e relâmpagos, mas não ouve a voz de Deus com clareza. O que Deus tem a dizer para seu povo o faz através de Moisés e Arão. Uma prova disso é que alguns anos depois, quando Arão e Miriã se rebelam contra Moisés, Deus diz a eles “Mas não é assim com meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa; boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas…[i] Ou seja, a Lei foi dada ao povo através de Moisés, tornando-o o legislador de Israel. E o relato dos fatos e a Lei também chegou até nossos dias por causa dessa conversa pessoal de Deus com Moisés, sem testemunhas, porque o Senhor dá testemunho de si mesmo.
Não terás outros deuses diante de mim. (v.3)
            Ainda que os hebreus, que depois da partida do Egito se tornaram Israel, sejam descendência de Abraão, Isaque e Jacó, e que seus pais haviam deixado muitos ensinamentos a respeito de quem é Deus, podemos perceber que este povo clamava ao Senhor, numa busca desesperada pelo fim da escravidão a que estavam submetidos. Porém suas atitudes no deserto, antes de chegar ao Sinai, demonstram que não era um povo que conhecia e vivia de acordo com os preceitos do Senhor, havia, é claro exceções, como a família de Moisés, de Josué, Calebe e de mais alguns outros,
            A subserviência da escravidão tende a nos fazer dobrar diante de qualquer coisa que possa trazer algum alívio para o sofrimento, ainda que passageiro. Assim, acredito, que muitos hebreus se dobravam e adoravam aos deuses egípcios, e mesmo adotavam algumas práticas do culto aos deuses e ao faraó, numa tentativa desesperada de se livrar da escravidão.
            Uma leitura mais apurada do livro de Êxodo, pode nos revelar o perfil do povo, que, ao que parece, não tinha tanta certeza de que era um povo eleito, escolhido para ser uma nação, e que havia uma promessa de que eles sairiam dali para uma terra que mana leite e mel. Essa consciência, parece estar se apagando, ou ainda resta como uma tênue chama em uma lamparina, que mal consegue iluminar a si mesma.
            Você pode estar se perguntando, porque estou falando dessas coisas? Estou falando porque são nesses detalhes que nos esquecemos de quem é Deus, e quem nós somos. Que podemos nos acostumar facilmente com um culto fraco, que a inclusão de elementos de outros cultos ao nosso culto não fará mal algum, que o sincretismo pode nos tirar da dor e do sofrimento da perseguição.
            Antes de prosseguir vamos deixar claro que somos livres, não precisamos de nada disso para que nosso culto seja verdadeiro, singular e recebido por Deus.
            O pragmatismo e o experiencialismo reinante nos dias de hoje, facilmente nos fazem esquecer de Deus, quando então colocamos qualquer coisa em nossa vida. Vivemos dias de imediatismo, em que tudo é para ontem, não sabemos mais esperar, confiar então, nem pensar. Estamos muito mais preocupados com o que os outros veem do que com o que Deus vê e pensa sobre nós.
            A natureza humana é caída, o pecado é inato do homem, assim como a sua busca por contato com um ser superior, com algo que lhe de um relacionamento sobrenatural, ainda que seja consigo mesmo. Qualquer situação que nos coloque em evidência tende a inflar o ego de tal forma que logo começamos a achar que somos mesmo tão bons, bonitos, inteligentes, quanto nos falam, mas quando a realidade vem à tona, ficamos aborrecidos, irritados, depressivos, até rompemos amizades e relações com familiares por conta disso. A exigência de capacitação, de ter um carro, uma casa, uma saúde e família perfeitas, um corpo esculpido por horas e horas de academia, para que sejamos notados. Tudo isso faz com que Deus seja o último em nossa vida.
            Altares começam a aparecer em nossa vida. Começam pequenos, e crescem, até se tornarem nosso chão. Lembro-me de uma passagem do livro “O Pequeno Príncipe”, que em seu pequeno planeta que cortava os baobás assim que estes nasciam, não os deixava crescer, senão tomariam conta do planeta e seria quase impossível elimina-los, na verdade estes tomariam conta do planeta. Cita o autor, que fez um desenho, orientado pelo principezinho, de um planeta em que o seu habitante, preguiçoso havia deixado crescer três baobás, imaginem a cena[ii].
Assim, é na nossa vida os altares são pequenos, tímidos, mas crescem, se tornam frondosos, visíveis, e perigosos, pois a partir desse ponto são o nosso chão, transitamos de um altar para outro com tanta facilidade que esquecemos que eles estão crescendo. E aqueles que estão mais fracos, alimentamos mais, alguns nós construímos com materiais considerados indestrutíveis. Estes altares crescem de tal forma que nos escondem, não nos deixam mais olhar para o Senhor. Deus é só mais um dos altares que está perdido entre os milhares de nossa vida. Quanto mais alto for esse altar maior será nossa queda.
Entretanto, o único do qual não caímos é o do Senhor, pois diante dele apenas nos dobramos e reconhecemos nossa insuficiência. De forma a adorá-lo em espírito e em verdade.
            Hoje nossos deuses não são mais os mesmos que os hebreus adoravam, raramente cristãos tem ídolos do lar, mas tem em seus corações. Tenho observado que o pragmatismo tem feito do trabalho, do dinheiro, da posição social, de qualquer situação ou objeto que nos coloque em evidência um deus. E tudo isso por falta de conhecimento da Palavra, de um ensino de falsos profetas, que prometem o que Deus não prometeu, falam do que o Senhor não falou na Bíblia. Cuidado são sementes de altares, sobre os quais você estará para ser adorado.
            Há ainda o experiencialismo, em que somos levados a viver a experiência de outros, obrigados a ser como este ou aquele pastor é, age, um determinado autor, com suas experiências. Muitas vezes querem nos obrigar a viver as experiências que foram vividas por outras pessoas, que devem ser únicas, servem de exemplo para nós, apenas isso.
            Há alguns anos, em um culto o Pastor de uma igreja em que eu estava, disse que a diferença entre a música que se canta hoje e a de alguns anos atrás, é a santidade. Muitos estão cantando qualquer coisa, só com o nome de Jesus, para vender para os crentes. Nada além disso.
            Fato exposto é inegável que temos nossos ídolos, colocamos antes de Deus qualquer situação, objeto ou circunstancia de nossa vida. Preocupações do dia a dia, o mais preocupante de tudo isso é a forma como o dinheiro tem sido colocado diante de Deus.
            Certa vez ouvi que tudo o que nos traz irritação, tristeza, preocupação e ansiedade, é nosso ídolo, e está adiante de Deus. Pois essa é uma verdade. Até mesmo nosso comportamento, nossas atitudes na igreja, nos cultos, pode ser um deus, um altar.
            Cuidado meu irmão, há altares que te impedem de se achegar a Deus, que você mesmo poderá tirar, mas há altares que só Deus tirará, avalie sua vida, analise, veja se há algo entre você e Deus. Até mesmo seu comportamento pode estar entre você e Deus, cuidado com os exageros. Paulo nos recomenda um culto com decência e ordem.
            Para os que estão à frente da igreja, há de se tomar mais cuidado ainda, pois há a tendência de usar de artifícios psicológicos, para levar a igreja a experiências emotivas, que na maioria das vezes, senão em todas, estão desprovidas de qualquer presença do Espírito Santo.
            Jesus atraia as pessoas porque era diferente, e tudo o que fazia, era diferente, mas transformava as pessoas, era atraente, esse deve ser nosso cuidado e nosso agir, ser diferentes, nem que para isso seja necessário abrir mão de tudo, para agir com simplicidade e singeleza de coração.
            Olhe bem ao seu redor, veja o que está diante de Deus. Diante do que tens se dobrado a orar, olhe para baixo e veja se não está em cima de um altar, se estiver desça, é menos dolorido do que quando Deus o derruba. Para exemplificar, imagine um bloco de vidro e duas marretas batendo ao mesmo tempo uma de cada lado na mesma altura. Imaginou? Agora pense, e se eu estivesse sobre esse bloco? Esse bloco pode ser o seu altar, onde você se colocou e se adora, ele é de vidro ou de cristal, não importa, o que importa é que por ser translucido, você quase não o vê, mas Deus vê, e vai derruba-lo. Não será nada bom cair sobre vidro estilhaçado, pior ainda será a dor que sentirá quando Deus começar a tratar tuas feridas; mas pode ter certeza, o resultado será maravilhoso.
            Sempre devemos ter o cuidado para não começarmos a reerguer esse altar, pois qualquer pedacinho que ficar, começa a crescer, e nos tentará a subir nele. Lembre-se do baobá, uma árvore frondosa, mas que tomava conta de todo o planeta, por isso era preciso ser arrancado pela raiz tão logo brotasse.
            Que o amor de Cristo, e as misericórdias de Deus, façam essas palavras entrarem fundo em nosso coração. No próximo artigo trataremos do segundo mandamento, e o que acontece em nossa vida quando fabricamos ídolos.
Em Cristo






[i] Números 12.6-8
[ii] Saint Exupéry, Antoine; O Pequeno Príncipe, Cap. V.

domingo, 19 de junho de 2016

Princípios da Oração.


Lucas 11.1 Jesus estava orando em certo lugar e, quando terminou um de seus discípulos lhe disse: Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele.
Mateus 6.5-8 E, quando orardes, não sejas como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará. E, quando orardes, não useis de repetições inúteis, a exemplo dos gentios; pois eles pensam que serão ouvidos pelo muito falar. Não vos assemelheis a eles; pois vosso pai conhece de que necessitais, antes de pedirdes a ele.[i]
         Há um fato bastante curioso nos evangelhos, na verdade a ausência desse fato é que o torna curioso. Em nenhum dos versículos dos 4 evangelhos encontramos os discípulos de Jesus, pedindo-lhe que lhes ensine a pregar, mas Lucas registra que um dos discípulos pede a Jesus que lhes ensine a orar. Lucas 11.1 Jesus estava orando em certo lugar e, quando terminou um de seus discípulos lhe disse: Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele.
         O que torna o fato curioso, é que o Judeu sabe orar desde pequeno, isso lhe é ensinado desde a mais tenra idade, e o faz três vezes ao dia, tinha grandes exemplos de oração, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi entre tantos outros. No correr do AT vemos diversas orações, inclusive com suas respostas, outras que não foram respondidas. O que realmente importa é que tanto o homem quanto a mulher de Deus precisam orar, dedicar tempo a essa prática que traz muitos benefícios, alguns veremos hoje.
         Dado o tema do mês ser a oração, certamente estarei repetindo o que os pregadores dos últimos cultos pregaram e certamente pontos deste sermão serão abordados pelos pregadores que ocuparão este púlpito. Todos, sem a mínima dúvida, estão nas mãos do Senhor para trazer clareza à igreja, sobre esse assunto e despertar a necessidade da oração.
         Jesus, não se surpreende com o pedido do discípulo e lhes ensina a oração do Pai Nosso, porém quem estuda a história do povo judeu se surpreende com esse pedido. Que é o texto bíblico mais conhecido e repetido, ao lado do salmo 23. Uma das curiosidades dessa narrativa que se encontra apenas nos evangelhos de Mateus e Lucas, (Mt 6.9-15 e Lc 11.1-4), é que apenas Lucas narra o fato de um discípulo ter pedido a Jesus para ensina-los a orar. A oração do Pai Nosso faz parte da liturgia cristã, há tempos imemoriais, e muitos crentes, hoje quando não conseguem se expressar com suas próprias palavras, recitam o Pai Nosso.  
         Que lição podemos tirar desse pedido? A de que em Cristo a oração tona novo sentido e significado, assim como tudo o mais na vida. Assim Jesus passa a ensinar os discípulos a orar. Mateus relata que Jesus ao ensinar a orar também ensina dois princípios.
1º Princípio – Evitar a hipocrisia (Mt 6.5-6)
         E, quando orardes, não sejas como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará.
         Para que possamos cumprir com esse princípio é preciso entender que devemos orar a Deus e não aos homens. Os fariseus rigorosos no cumprimento de suas tradições, faziam isso, iam para as praças ou esquinas e oravam, normalmente de mãos levantadas, em alta voz. Para que pudessem ser vistos pelos homens, e assim manter seu status quo, de elite religiosa e inclusive com interferência política, afinal, eram vistos pelos homens como homens zelosos, próximos de Deus em seu zelo. Assim já tinham conseguido sua recompensa, ser reconhecidos pelos homens, mas não ouvidos por Deus, e assim nada recebiam.
         E não se enganem meus irmãos, pois muitos crentes, ainda hoje, usam a oração para se promover diante dos homens. Essa prática ainda continua presente na igreja moderna. Porém devemos tomar cuidado ao julgar, pois não conhecemos os designíos do coração humano, quem conhece é só Deus.  Por isso que Jesus nos dá a orientação de ir para o quarto e ali orar. Mas por que o quarto? Por ser um lugar de descanso, repouso, de intimidade, é o lugar mais íntimo da casa.
         Há grupos que, com base neste texto, radicalizaram, e proibiram orações públicas, seus cultos, tem cânticos, pregações, mas não orações. Não foi este o ensino de Jesus, a oração pública deve ser feita, e Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, trata do assunto no capitulo 14. Para que haja ordem no culto, para que este seja prestado com decência e ordem. (1Co 14.40). Por isso devemos ter cuidado nas orações públicas, estas devem ser breves, jamais devem dar informações à igreja. Pode parecer bobagem, mas orações públicas são a maior fonte de fofocas dentro da igreja.
Desse modo, Jesus confronta uma prática radical com outra, sair das ruas e praças e ir para o quarto, onde ali certamente Deus o ouvirá.
2º princípio – Não useis vãs repetições. (Mt 6.7-8)
E, quando orardes, não useis de repetições inúteis, a exemplo dos gentios; pois eles pensam que serão ouvidos pelo muito falar. Não vos assemelheis a eles; pois vosso pai conhece de que necessitais, antes de pedirdes a ele.
         As vãs, ou inúteis repetições, eram uma prática comum dos gentios, que ficavam repetindo, palavras aleatórias, se exaltando, e em muitos casos fazendo muito barulho, para assim, dizer, acordar seus deuses e lembrar-lhes de sua existência. Não há muitos registros históricos, havendo necessidade de mais comprovação histórica, mas uma das práticas de um dos cultos pagãos de Corinto, era fazer bastante barulho, bater tambores, cigarras e outras coisas para acordar o/a deus (a).
         Porém há um relato bíblico dessa prática, em I Reis 18.20-39, em especial no versículo 28 “E eles gritavam e, conforme o seu costume, se retalhavam com facas e com lanças, até correr sangue neles. ”.
         A oração é a força mais poderosa na face da terra. Pois une a fraqueza humana com a onipotência divina. A oração une o altar com o trono de Deus. As orações que sobem do altar descem do trono como ações e intervenções de Deus na história. Assim, sob essa ótica, vamos a aplicação desta mensagem.
         A oração é também um ato consciente, mesmo que esteja orando em línguas, deve ser um ato consciente, independentemente do local, seja em público ou no eu quarto este é um ato consciente, por isso todo cuidado é pouco, para que não venhamos a incorrer em erros ou afundar a igreja em escândalos.
- Nada tendes porque nada pedis, Tg 4.3
         Pedis e não recebeis, porque pedis de modo errado, só para gastardes em vossos prazeres.
Ao contrário do que Jesus ensina, encerrando o sermão do monte, Mt 7.7-8, Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. (v 7). Onde nos ínsita a orar, Tiago esta lembrando de que ao pedir é para nós mesmos, para nossos prazeres e não para edificação da igreja ou crescimento de outros. Por isso nossa oração deve ser, na maioria das vezes clara e objetiva, dirigida a Deus, com coração contrito e humilhado, que agrada a Deus, e então, em nome de Jesus, receberemos.
         Mesmo a oração encerrada em nome de Jesus, pode não ser atendida, se, o desejo do teu coração não for sincero e for apenas para sua própria glória ou prazeres.
         Sob esse aspecto a oração de intercessão é fundamental, uma vez que ela é destinada ao bem de outros e não ao nosso. E essa oração é fundamental, pois nela está encerrada nossa humilhação e despojamento, mostra nossa preocupação com o próximo, seja ele conhecido ou não. Essa oração tem o poder de mudar as situações, pois abre as portas do céu para o derramar do Espírito Santo.
         Meu irmão, minha irmã, analise como está sua vida de oração, seu relacionamento com Deus. Não temos formas rituais para orar, mas temos orientações claras de como orar. Jesus as deixou, nos ensinou e nos deu um roteiro perfeito para oração.
         A Bíblia está repleta de orações, algumas delas não foram respondidas, a maioria foi. Mas um ponto é fundamental, que você saiba o que está pedindo. Para que não venha a ser um sofrimento em sua vida. Cuidado com o que pedes. O Rei Ezequias pediu que Deus olhasse para ele no leito de morte, e teve mais 15 anos de vida.
         Diante disso que Tiago nos deixa o alerta, de que não temos porque pedimos mal, para nosso bel prazer, e não para edificação da igreja.
         Quanto a pregar, Jesus nos orientou que “..., não vos preocupeis com o que haveis de dizer. Falai o que vos for dado naquela hora, porque não sois vós que que falais, mas o Espírito Santo”. (Mc 13.11). Vocês irão me dizer, mas Jesus falou quanto a serem levado a tribunais, diante das autoridades. Correto. Concordo, mas é um texto claro de que o Espírito Santo nos dará o que será falado. Assim se você não for um homem ou mulher de oração, não haverá virtude para pregar. Contudo não podemos esquecer de que a oração mostra quem somo diante de Deus.
         A pregação é tão importante que Deus a coloca condicionada a oração, assim, sem oração, sem pregação. Uma igreja cresce com pregação, mas não cresce sem oração. A oração é um momento de intimidade com Deus, é onde o Espírito Santo nos revela o que há de ser dito.
         O ensino de Jesus é necessário, são apenas dois parâmetros que temos que nos basear para saber como está nossa vida de oração. 
Em Cristo.

Mensagem ministrada no dia 08 de junho de 2016 como parte do Tema do Mês: Oração Viver ou Morrer, da Igreja Presbiteriana Renovada Central de Cuiabá




[i] Todos os textos bíblicos são da Bíblia Versão Almeida Século 21, Editora Hagnos, SP 2010.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Velhice

Lev.19:32 Diante das cãs (cabelos brancos) te levantarás [por respeito] e honrarás a face do velho.
Jó 12:12 Com os idosos está a sabedoria, e na abundância de dias o entendimento
Pro.16:31 Coroa de honra são as cãs (cabelos brancos), achando-se elas no caminho da justiça
Pro.20:29b A beleza dos velhos são as cãs (cabelos brancos)
Jó 32:4,6 Eliú porém esperou para falar a Jó [e aos outros], porquanto tinham mais idade do que ele
Pro.23:22 Ouve a teu pai... e não desprezes a tua mãe (respeite-a), quando vier a envelhecer

            Outro dia enquanto aguardava para fazer uma radiografia, ouvi a seguinte história de um senhor, com idade entre 65 e 70 anos: Ele estava no ônibus e ao se deparar com uma jovem sentada no lugar reservado para idosos, gestantes, lactantes e PNES, solicitou o lugar, pois havia lugares de sobra no ônibus, bastava passar a catraca que ela poderia escolher onde sentar. Seguiu-se o seguinte diálogo:
- Por favor, poderia me ceder o lugar e sentar mais atrás onde há lugares de sobra?
- Não, não cederei lugar, pois o senhor é muito chato!
- Bem, o erro é meu, que não observei que este lugar também é reservado para lactantes e gestantes, e você minha jovem deve estar grávida, por isso, eu buscarei outro lugar.
- Como posso estar grávida, se nem namorado tenho, respondeu a mocinha;
- nos dias de hoje é preciso ter namorado para estar grávida? Perguntou o senhor.
            O resultado não poderia ser outro, a mocinha passou a catraca, e sentou-se em um lugar vazio no ônibus. E nós que aguardávamos naquela sala, rimos, e concordamos com aquele senhor.  Discutimos um pouco sobre a educação de filhos, e como os ensinamos a tratar os mais velhos.
            Esta história não é uma comédia, mas poderia ser o roteiro de um esquete, mas é o triste retrato de uma sociedade que tem maltratado seus velhos. Sim, no correr deste texto usarei o termo “Velho (s)” pois para mim, esse é um título de muita honra, pois mostra que a pessoa atingiu um nível de maturidade acima de nós, já viveu muito mais do que muitos de nós e do que você leitor poderá viver.
            A situação acima exposta contraria o que a Bíblia nos ensina nos seguintes versículos: Lev.19:32 “Diante das cãs (cabelos brancos) te levantarás [por respeito] e honrarás a face do velho.” e Pv.16:31 “Coroa de honra são as cãs (cabelos brancos), achando-se elas no caminho da justiça.” Devemos honrar os velhos sempre, respeitando-os, incondicionalmente, isso é uma forma de honrar a nossos pais.
            Temos inventado termos para mascarar isso, para ignorar o quanto os velhos podem nos ensinar, ao tratarmos essas pessoas como idosos, e de fato o são, ou dizemos que fazem parte da melhor idade, estamos, infelizmente nos eximindo de cuidado com eles, estamos nos encaminhando para o abandono deles, seja material ou emocional.
            Não cheguei à velhice, estou a caminho dela, e por muitas vezes ouvi zombarias a meu respeito chamando-me de velho, por causa da minha idade, e das minhas cãs, sim, elas vieram antes de eu chegar a velhice. Porém eu tratava da questão como uma honra, e não como uma zombaria, não me deixava afetar por isso, pois tenho clara compreensão de quem é o velho na sociedade, e a sua importância, por poder contribuir com seu conhecimento e sabedoria, sendo exemplo para as gerações mais novas.
            Me perguntam se tenho orgulho da velhice, sim eu tenho, porque a Bíblia nos mostra que o velho é digno de honra, de ser ouvido, diante dele os demais devem se levantar e ceder-lhe o lugar, sim é isso que a Bíblia ensina, não o contrário, diz que diante das cãs devemos ter atitudes de honra. Graças a Deus pude aprender com os velhos da minha família, os conselhos deles foram preciosos e ainda o são, mesmo que esses sábios conselheiros já estejam partido, e me orgulho do meu pai, Silvio, o velho, que o intitulo dessa forma com toda honra, gratidão e graça que possa dar a ele, a seus conselhos me submeto. Suas histórias ouço com atenção, porque muito hei de aprender.
            Há uma necessidade emergencial de olharmos para a velhice de forma bíblica, e ensinarmos os jovens e crianças nos moldes bíblicos a honrar os pais, e uma das formas de fazê-lo é respeitando as cãs, a velhice, na família e alheia.

Em Cristo.