domingo, 19 de junho de 2016

Princípios da Oração.


Lucas 11.1 Jesus estava orando em certo lugar e, quando terminou um de seus discípulos lhe disse: Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele.
Mateus 6.5-8 E, quando orardes, não sejas como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará. E, quando orardes, não useis de repetições inúteis, a exemplo dos gentios; pois eles pensam que serão ouvidos pelo muito falar. Não vos assemelheis a eles; pois vosso pai conhece de que necessitais, antes de pedirdes a ele.[i]
         Há um fato bastante curioso nos evangelhos, na verdade a ausência desse fato é que o torna curioso. Em nenhum dos versículos dos 4 evangelhos encontramos os discípulos de Jesus, pedindo-lhe que lhes ensine a pregar, mas Lucas registra que um dos discípulos pede a Jesus que lhes ensine a orar. Lucas 11.1 Jesus estava orando em certo lugar e, quando terminou um de seus discípulos lhe disse: Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele.
         O que torna o fato curioso, é que o Judeu sabe orar desde pequeno, isso lhe é ensinado desde a mais tenra idade, e o faz três vezes ao dia, tinha grandes exemplos de oração, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi entre tantos outros. No correr do AT vemos diversas orações, inclusive com suas respostas, outras que não foram respondidas. O que realmente importa é que tanto o homem quanto a mulher de Deus precisam orar, dedicar tempo a essa prática que traz muitos benefícios, alguns veremos hoje.
         Dado o tema do mês ser a oração, certamente estarei repetindo o que os pregadores dos últimos cultos pregaram e certamente pontos deste sermão serão abordados pelos pregadores que ocuparão este púlpito. Todos, sem a mínima dúvida, estão nas mãos do Senhor para trazer clareza à igreja, sobre esse assunto e despertar a necessidade da oração.
         Jesus, não se surpreende com o pedido do discípulo e lhes ensina a oração do Pai Nosso, porém quem estuda a história do povo judeu se surpreende com esse pedido. Que é o texto bíblico mais conhecido e repetido, ao lado do salmo 23. Uma das curiosidades dessa narrativa que se encontra apenas nos evangelhos de Mateus e Lucas, (Mt 6.9-15 e Lc 11.1-4), é que apenas Lucas narra o fato de um discípulo ter pedido a Jesus para ensina-los a orar. A oração do Pai Nosso faz parte da liturgia cristã, há tempos imemoriais, e muitos crentes, hoje quando não conseguem se expressar com suas próprias palavras, recitam o Pai Nosso.  
         Que lição podemos tirar desse pedido? A de que em Cristo a oração tona novo sentido e significado, assim como tudo o mais na vida. Assim Jesus passa a ensinar os discípulos a orar. Mateus relata que Jesus ao ensinar a orar também ensina dois princípios.
1º Princípio – Evitar a hipocrisia (Mt 6.5-6)
         E, quando orardes, não sejas como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará.
         Para que possamos cumprir com esse princípio é preciso entender que devemos orar a Deus e não aos homens. Os fariseus rigorosos no cumprimento de suas tradições, faziam isso, iam para as praças ou esquinas e oravam, normalmente de mãos levantadas, em alta voz. Para que pudessem ser vistos pelos homens, e assim manter seu status quo, de elite religiosa e inclusive com interferência política, afinal, eram vistos pelos homens como homens zelosos, próximos de Deus em seu zelo. Assim já tinham conseguido sua recompensa, ser reconhecidos pelos homens, mas não ouvidos por Deus, e assim nada recebiam.
         E não se enganem meus irmãos, pois muitos crentes, ainda hoje, usam a oração para se promover diante dos homens. Essa prática ainda continua presente na igreja moderna. Porém devemos tomar cuidado ao julgar, pois não conhecemos os designíos do coração humano, quem conhece é só Deus.  Por isso que Jesus nos dá a orientação de ir para o quarto e ali orar. Mas por que o quarto? Por ser um lugar de descanso, repouso, de intimidade, é o lugar mais íntimo da casa.
         Há grupos que, com base neste texto, radicalizaram, e proibiram orações públicas, seus cultos, tem cânticos, pregações, mas não orações. Não foi este o ensino de Jesus, a oração pública deve ser feita, e Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, trata do assunto no capitulo 14. Para que haja ordem no culto, para que este seja prestado com decência e ordem. (1Co 14.40). Por isso devemos ter cuidado nas orações públicas, estas devem ser breves, jamais devem dar informações à igreja. Pode parecer bobagem, mas orações públicas são a maior fonte de fofocas dentro da igreja.
Desse modo, Jesus confronta uma prática radical com outra, sair das ruas e praças e ir para o quarto, onde ali certamente Deus o ouvirá.
2º princípio – Não useis vãs repetições. (Mt 6.7-8)
E, quando orardes, não useis de repetições inúteis, a exemplo dos gentios; pois eles pensam que serão ouvidos pelo muito falar. Não vos assemelheis a eles; pois vosso pai conhece de que necessitais, antes de pedirdes a ele.
         As vãs, ou inúteis repetições, eram uma prática comum dos gentios, que ficavam repetindo, palavras aleatórias, se exaltando, e em muitos casos fazendo muito barulho, para assim, dizer, acordar seus deuses e lembrar-lhes de sua existência. Não há muitos registros históricos, havendo necessidade de mais comprovação histórica, mas uma das práticas de um dos cultos pagãos de Corinto, era fazer bastante barulho, bater tambores, cigarras e outras coisas para acordar o/a deus (a).
         Porém há um relato bíblico dessa prática, em I Reis 18.20-39, em especial no versículo 28 “E eles gritavam e, conforme o seu costume, se retalhavam com facas e com lanças, até correr sangue neles. ”.
         A oração é a força mais poderosa na face da terra. Pois une a fraqueza humana com a onipotência divina. A oração une o altar com o trono de Deus. As orações que sobem do altar descem do trono como ações e intervenções de Deus na história. Assim, sob essa ótica, vamos a aplicação desta mensagem.
         A oração é também um ato consciente, mesmo que esteja orando em línguas, deve ser um ato consciente, independentemente do local, seja em público ou no eu quarto este é um ato consciente, por isso todo cuidado é pouco, para que não venhamos a incorrer em erros ou afundar a igreja em escândalos.
- Nada tendes porque nada pedis, Tg 4.3
         Pedis e não recebeis, porque pedis de modo errado, só para gastardes em vossos prazeres.
Ao contrário do que Jesus ensina, encerrando o sermão do monte, Mt 7.7-8, Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. (v 7). Onde nos ínsita a orar, Tiago esta lembrando de que ao pedir é para nós mesmos, para nossos prazeres e não para edificação da igreja ou crescimento de outros. Por isso nossa oração deve ser, na maioria das vezes clara e objetiva, dirigida a Deus, com coração contrito e humilhado, que agrada a Deus, e então, em nome de Jesus, receberemos.
         Mesmo a oração encerrada em nome de Jesus, pode não ser atendida, se, o desejo do teu coração não for sincero e for apenas para sua própria glória ou prazeres.
         Sob esse aspecto a oração de intercessão é fundamental, uma vez que ela é destinada ao bem de outros e não ao nosso. E essa oração é fundamental, pois nela está encerrada nossa humilhação e despojamento, mostra nossa preocupação com o próximo, seja ele conhecido ou não. Essa oração tem o poder de mudar as situações, pois abre as portas do céu para o derramar do Espírito Santo.
         Meu irmão, minha irmã, analise como está sua vida de oração, seu relacionamento com Deus. Não temos formas rituais para orar, mas temos orientações claras de como orar. Jesus as deixou, nos ensinou e nos deu um roteiro perfeito para oração.
         A Bíblia está repleta de orações, algumas delas não foram respondidas, a maioria foi. Mas um ponto é fundamental, que você saiba o que está pedindo. Para que não venha a ser um sofrimento em sua vida. Cuidado com o que pedes. O Rei Ezequias pediu que Deus olhasse para ele no leito de morte, e teve mais 15 anos de vida.
         Diante disso que Tiago nos deixa o alerta, de que não temos porque pedimos mal, para nosso bel prazer, e não para edificação da igreja.
         Quanto a pregar, Jesus nos orientou que “..., não vos preocupeis com o que haveis de dizer. Falai o que vos for dado naquela hora, porque não sois vós que que falais, mas o Espírito Santo”. (Mc 13.11). Vocês irão me dizer, mas Jesus falou quanto a serem levado a tribunais, diante das autoridades. Correto. Concordo, mas é um texto claro de que o Espírito Santo nos dará o que será falado. Assim se você não for um homem ou mulher de oração, não haverá virtude para pregar. Contudo não podemos esquecer de que a oração mostra quem somo diante de Deus.
         A pregação é tão importante que Deus a coloca condicionada a oração, assim, sem oração, sem pregação. Uma igreja cresce com pregação, mas não cresce sem oração. A oração é um momento de intimidade com Deus, é onde o Espírito Santo nos revela o que há de ser dito.
         O ensino de Jesus é necessário, são apenas dois parâmetros que temos que nos basear para saber como está nossa vida de oração. 
Em Cristo.

Mensagem ministrada no dia 08 de junho de 2016 como parte do Tema do Mês: Oração Viver ou Morrer, da Igreja Presbiteriana Renovada Central de Cuiabá




[i] Todos os textos bíblicos são da Bíblia Versão Almeida Século 21, Editora Hagnos, SP 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário